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A liderança do futuro

A liderança do futuro - EXP

Por Eduardo Valentin Gonçalves*. No mundo 4.0, é preciso lidar com uma grande quantidade de informações, em enorme velocidade e volatilidade e, simultaneamente, deve-se dedicar cada vez mais tempo para se conectar profundamente com as pessoas ao seu redor.


A escolha do tema para o meu primeiro artigo na EXP foi motivada por uma inquietação com o meu futuro profissional e também por dados. Eu explico.


Há pouco mais de dois anos, decidi pivotar a minha carreira, deixando para trás uma “confortável” trajetória de mais de vinte anos como executivo em multinacionais de tecnologia, para empreender e mergulhar no caótico mundo da nova economia e do empreendedorismo. Incrustado nessa decisão estava o desejo por expandir, aprender e sustentar a minha empregabilidade no longo prazo. Desejava estar preparado para o futuro do trabalho, para ser um líder do futuro. E quem não está?


Isso me leva ao segundo motivador por trás da escolha do tema: dados. Dentre todos os conteúdos que produzimos na Woke, nenhum é tão consumido quanto aqueles relacionados à liderança e ao futuro do trabalho: quais competências desenvolver? Qual o perfil de liderança ideal? Como lidar com o novo?


É fácil compreender o fenômeno: quem ainda não é um alto executivo muito provavelmente almeja ser. Quem já o é, deseja seguir evoluindo na posição por mais tempo. Nesse sentido, é crucial compreender as tendências que delineiam o futuro da liderança, refletir sobre quais competências ganham relevância e, sobretudo, mobilizar-se para mudar e aprender, pois as competências que impulsionaram e moldaram o líder ideal ao longo do tempo não são, necessariamente, as mesmas que o sustentarão no futuro.


O líder pós-revolução industrial estava majoritariamente focado na eficiência dos processos e sistemas de produção. Ao longo do tempo, os esforços de gestão foram ampliados para incrementar a qualidade dos produtos e o desempenho da organização como um todo. Com o protagonismo da informática, veio à tona a pressão por criação e inovação em modelos de negócio a partir da tecnologia disponível.


Atualmente, o líder 4.0 precisa lidar com uma grande quantidade de informações, em uma velocidade absurda e com uma volatilidade nunca antes apresentada. Simultaneamente, deve dedicar cada vez mais tempo para se conectar profundamente com as pessoas ao seu redor.


O líder do futuro tem que entregar resultados remote first. Opera com empatia, num estilo de gestão colaborativo e com uma comunicação transparente, que articule e garanta o entendimento de uma visão com propósito e significado compartilhados entre a empresa e as pessoas que nela trabalham. Um super-humano.


Percebam que não se trata exatamente de uma mudança, mas sim de um incremento significativo de competências ao longo do tempo, que transcendem as ementas dos proliferados cursos de educação continuada. Por ora, deixo de lado a reflexão sobre a importância das hard skills a que os líderes devem ficar atentos em um ambiente de negócios cada vez mais ancorado em dados e tecnologia.


Correndo o risco de ser determinista, destaco a seguir as competências essenciais da líder do futuro que recrutadores profissionais de alta liderança observam e avaliam em seus contatos com candidatos, seguidas de uma curadoria preparada pela minha sócia, Thais Fraga.


Adaptabilidade — Ela nos permite ter uma leitura rápida de cenário, mesmo na ausência de informações, atuar sem sofrer ou perder o foco em momentos incertos, potencializar a ação de outros à medida que adaptamos nosso estilo de liderança e comunicação. O ser humano vem se adaptando há milhares de anos, mas nunca na velocidade que é exigida hoje.


Artigo HBR: 5 Behaviors of Leaders Who Embrace Change

Artigo Center of Creative Leadership: Adapting to Change Requires Flexibility

LivroAntifrágil: Coisas que se beneficiam com o Caos

TED: 3 ways to measure your adaptability and how to improve it

Aprendizado contínuo — Aprender continuamente é estar constantemente aberto para melhorar e expandir seu repertório de conhecimento, habilidades e competências. Não basta reagir às necessidades, mas buscar tendências, ferramentas e tecnologias que impactem seu trabalho de forma positiva. Aprender continuamente também significa aceitar que não temos todas as respostas, pedir ajuda e assumir desafios que estão fora de nossa zona de conforto.


Artigo HBR4 Ways to Create a Learning Culture on Your Team

Artigo HBRYour Workforce Is More Adaptable Than You Think

Artigo HBRThe Business Case for Curiosity

LivroMindset: a nova psicologia do sucesso

TEDThe surprising habits of original thinkers

Colaboração — Acontece quando somos capazes de fazer parcerias e trabalhar com outras pessoas por um objetivo comum. Essa competência considera o ato de cooperar, ajudar, observar, escutar ativamente e estabelecer relações de confiança. A colaboração torna o conhecimento líquido e promove o sentimento de pertencimento daqueles que colaboram entre si. O coletivo se sobrepõe ao individual.


Artigo HBRFostering Collaboration Across Silos

Artigo HBRSix Techniques for Sustained Collaboration

Artigo HBR: The Collaboration Blind Spot

TEDConstrua uma torre, construa uma equipe

Inovação — No ambiente corporativo, o conceito é normalmente entendido como a possibilidade de fazer o já existente de jeito novo, melhor. Podemos inovar não somente nos produtos ou serviços, mas também na forma ou no motivo pelo qual fazemos negócios. A inovação exige atenção às novas tendências e às necessidades do mundo, além de disposição para questionar o status quo.


Webinar HBRBreaking Down Barriers to Innovation

FilmeO Menino que Descobriu o Vento

TED: Reinventing creative thinking

LivroO Dilema da Inovação


Resolução de problemas complexos — A capacidade de resolver problemas complexos é crucial em ambientes imprevisíveis e dinâmicos. Essa competência tem a ver com o pensamento crítico e com a habilidade de fazer boas perguntas, enxergando o problema por vários ângulos e colocando de lado crenças pessoais e, muitas vezes, disfuncionais. As melhores soluções passam inevitavelmente pela utilização de todo o repertório disponível.


Livro: O lado difícil das situações difíceis

TED: 5 tips to improve your critical thinking

Artigo HBR: The Surprising Power of Questions

Inteligência emocional — Composta por autoconsciência, autocontrole, motivação, empatia e habilidade social, a inteligência emocional é a capacidade de perceber, gerir e direcionar suas próprias emoções e impulsos ao invés de se deixar dominar por eles. Ter IE é saber utilizar suas emoções a seu favor para fazer escolhas conscientes, impactando não só a sua vida, mas a de pessoas ao seu redor.


Pessoas com baixa IE acabam sofrendo mais, já que não conseguem administrar estímulos externos e impulsos internos para reagir de forma positiva. O resultado já conhecemos: ansiedade e stress.


Google Talks: Emotional Intelligence as a Superpower

TED Talks: A Jornada de Autodisciplina

Livro: Inteligência Emocional 2.0

Livro: Inteligência Emocional

Livro: 10% Mais Feliz

Preparar-se para liderar no futuro passa, inevitavelmente, por um processo de reflexão e autoconhecimento. É preciso ter muita clareza e consciência sobre nossos pontos de desenvolvimento, sobretudo aqueles relacionados às habilidades socioemocionais, que se traduzem em comportamentos de alto impacto, nas organizações e na vida. Esse é o primeiro passo da transformação.


Uma vez identificados os pontos de ação e desenvolvimento, entra em cena o exercício da mudança, da ação prática para se tornar um líder (e uma pessoa) melhor.


Todos nós resistimos a mudanças significativas, não importa o quão positiva essa mudança possa ser. Nosso corpo, cérebro e comportamento tendem a permanecer em fronteiras bastante limitadas e a voltar aos padrões conhecidos quando alterados. Não caia nessa armadilha. O futuro é criado no presente.

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