Gerando Falcões quer ESG com “expertise de favela”
A Gerando Falcões quer aproveitar os laços que formou ao longo de uma década, na qual vem atuando como ponte entre o setor privado e as periferias, para fazer com que um assunto que está no topo da agenda dos executivos – o ESG -, saia do papel.
A ONG acaba de montar um curso sobre o tema cujo objetivo principal é sensibilizar líderes empresariais sobre as necessidades reais da favela, com foco no pilar S, de social.
A formação será dada pela Falcons University, braço educacional da entidade, e mesclará participações de empresários – como Elie Horn, Guilherme Benchimol e Jorge Paulo Lemann -, com líderes de comunidades, como um de seus fundadores, Edu Lyra.
O dinheiro arrecadado com o curso sobre ESG será utilizado na formação de novas lideranças comunitárias.
Hoje, a Gerando Falcões atua em cerca de 700 favelas, nas quais já formou mais de 300 líderes sociais.
O curso tem duração de aproximadamente dois meses, e várias empresas já estão inscritas para participar. A primeira turma será a da empresa de energia EDP.
Mais do que conhecimentos técnicos sobre questões ambientais, sociais e de governança, as aulas pretendem gerar impactos reais, conforme explica Alex dos Santos, o Lemaestro, cofundador e diretor de educação da Gerando Falcões, que também será um dos docentes.
“O objetivo é dar aos empresários uma visão bem mais realista do que acontece na ponta, para que não tenham uma atuação superficial no ESG, e sim algo mais eficiente”, afirma.
A seguir os principais trechos da entrevista dele ao Experience Club:
1 – ESG na vida real
“A gente traz, dentro desse contexto de desigualdade social, a criatividade do morador de favela, do morador do sertão, de como ele sobrevive com nada. Temos também inovação, do ponto de vista de como a favela inova. Liderança, do ponto de vista de como o líder de periferia inova, o microempreendedor, que usa a inteligência e liderança que criou naquele universo até mesmo para resgatar outros moradores do mundo do crime e colocar no mercado de trabalho. Enfim, trazemos um pouco dessa visão real.”
2 – Imersão na favela
“O curso é para empresas, mas os colaboradores indicados por ela é que vão fazer. É um gestor de RH, um executivo de alguma parte, um estagiário, uma turma mista. Ai, você tem duas coisas bacanas: a transformação do indivíduo, que vem para a favela, vai fazer essa imersão e viver essa realidade. Terá um aprendizado que, às vezes, ainda não teve na vida dele. Aprenderá, por exemplo, como fazer muito com pouco, ser de fato resiliente e criativo. E essa pessoa, como profissional da empresa até passa a produzir mais”.
3 – Expertise de favela
“Unimos a expertise da favela com a do centro. Isso cria uma mescla de conhecimentos e vivências que tornam um trabalho social muito mais poderoso. Tão importante quanto a doação financeira é a doação de tempo, de conhecimento dos executivos. Um exemplo: a Falcons University, programa de formação de líderes sociais. Temos a expertise da favela, mas não necessariamente estudamos gestão de pessoas nas melhores universidades do mundo, ou não tivemos ainda a experiência de usar metas e indicadores em multinacionais. Por isso trazemos o executivo para dar aula de gestão, de processos, metas, indicadores.”
4 – Ecossistema contra a desigualdade social
“Acessar o conhecimento do setor privado nos ajudou a fazer melhor nosso trabalho. Por isso, temos, na nossa fala e na nossa vivência diária, essa questão de trabalhar com um grande ecossistema para combater a desigualdade social e criar soluções que sejam eficientes.”
Texto: Luciano Feltrin
Imagens: reprodução
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