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Criptomoedas superam R$ 200 bi no Brasil. É só o começo

Por Ricardo Natale*

Depois de ouvir especialistas em eventos do Experience Club e de ler muito a respeito de ativos digitais, estou convencido de que o futuro da economia em direção a tokens, NFT, DAO e metaverso é inevitável.

O mercado brasileiro de ativos digitais está em ascensão, cada vez mais maduro. Blockchain, NFTs, bitcoin, ethereum, metaverso já começam a fazer parte do vocabulário de um crescente número de pessoas no País. Segundo a Receita Federal, 459 mil contribuintes informaram ter realizado operações relacionadas a criptomoedas em 2021, que resultaram em um movimento superior a R$ 200 bilhões, praticamente o dobro do contabilizado no ano anterior.

Esse contingente de 459 mil contribuintes representa um avanço de quase quatro vezes mais que os 125 mil brasileiros que prestaram esse tipo de informação em 2020. Desde 2019, todas as pessoas que movimentam mais de R$ 30 mil em criptoativos devem informar ao Fisco essas operações. A Receita Federal explica que os informes têm o objetivo de impedir a sonegação fiscal, a lavagem de dinheiro e a remessa ilegal de valores ao exterior.

Apesar da enorme expansão, o criptomercado ainda tem esse estigma, consequência de fraudes a que qualquer segmento da economia está sujeito, mas cujo perigo parece se acentuar em áreas de desenvolvimento incipiente, como ainda se pode classificar a de ativos digitais.

Em 26 de abril, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei (PL) 3825/19, que prevê a regulamentação de criptomoedas no Brasil. “Queremos garantir um ambiente seguro para os investidores, a fim de que possam fazer isso de forma transparente e sem incorrer em nenhum tipo de risco de ser ludibriado por pessoas de má-fé”, afirmou o senador Irajá (PSD-TO), relator do projeto, cujo texto seguiu para a Câmara dos Deputados, onde precisará ser aprovado pela maioria dos 513 parlamentares, antes de seguir para sanção presidencial.

“O PL 3825/19 visa proteger a ordem econômico-financeira e propiciar um ambiente seguro para o mercado de ativos virtuais. Assim, com o incremento da segurança nesses negócios, acredita-se que mais investidores se sentirão atraídos por essa alternativa de aplicação de recursos”, avalia Thaís Cíntia Cárnio, professora de Mercado Financeiro da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Na visão de Roberto Dagnoni, fundador e CEO da 2TM, holding que reúne dez empresas, tendo como carro-chefe a plataforma de criptoativos Mercado Bitcoin, os maiores obstáculos para o desenvolvimento do criptomercado são justamente a falta de conhecimento e o preconceito.

“Lá fora, o institucional já incorporou o cripto totalmente. Aqui no Brasil, ainda estamos nos early days”, disse Dagnoni em sua apresentação na edição de abril da Confraria de Economia (leia o Report completo com a cobertura aqui), organizada pelo Experience Club, com o tema “Por que entender e investir em blockchain, criptomoedas, tokens, NFT, DAO, metaverso”. O evento contou também com a participação de Gustavo Araújo, CEO do Distrito; Heli Diogo, CEO da Futuro Ventures; Carol Nunes, fundadora da InspireIP; e Rafael Stark, fundador da Stark Bank.

Aos poucos, a falta de conhecimento dos investidores brasileiros a que se referiu Dagnoni vai dando lugar a oportunidades de negócios. Em junho, uma nova plataforma de aplicação financeira em empresas será inaugurada com a chegada da BEE4. Trata-se de um sistema semelhante ao de uma bolsa de valores que complementará as vias de acesso do empresário brasileiro ao capital, além de oferecer diversidade em ativos de renda variável.

No jargão do criptomercado, a BEE4 é uma exchange, um ambiente no qual se compram e vendem frações de empresas, sobretudo emergentes, que estão em um estágio anterior ao de uma oferta pública de ações (IPO), mas com planos de crescimento. As ofertas, que vão vender tokens de ações, poderão movimentar até R$ 100 milhões, para empresas com receita anual de até R$ 300 milhões.

Além de movimentar o mundo corporativo, os criptoativos também têm um campo enorme a ser explorado na ponta do mercado de consumo. O Ranking de Onboarding Digital 2021, realizado pela empresa de verificação de documentos digitais Idwall, em parceria com a Cantarino Brasileiro, indicou que mais de 250 milhões de contas digitais haviam sido abertas no país.

Essa disposição dos consumidores de deixar de lado instituições financeiras convencionais já começa a se transformar em estratégia de mercado de empresas que lidam diretamente com o consumidor e oferecem carteiras digitais a seus clientes, como a 99, que passou a disponibilizar em seu aplicativo de corridas a possibilidade de comprar e vender bitcoins; e a Dotz, que passou a permitir que seus clientes resgatem recompensas em bitcoin ou ethereum (duas das principais moedas digitais).

São sinais de que o mercado virtual do mundo cripto começa a impor sua presença em nosso cotidiano, de forma cada vez mais concreta. Um modelo que não tem mais volta.

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