Mercado

One Moving: queremos tirar o estresse das mudanças

Por Denize Bacoccina

Com apenas sete anos de operação, a One Moving vem dobrando de tamanho a cada ano. A empresa, criada em 2016 pelo advogado e administrador de empresas Wesley Thomé e dois sócios, realizou mais de 1.500 mudanças internacionais no ano passado e se tornou a segunda maior do setor na América Latina. Em 2024, quer expandir para outros países da região, como Chile, Colômbia e México. No ano passado, a One Moving iniciou o processo de internacionalização, com a aquisição de uma empresa em Portugal. No Brasil, além da sede em São Paulo, tem filiais no Rio de Janeiro e em Curitiba e uma equipe de 120 pessoas.

A One Moving trabalha com todo tipo de mudanças, mas com foco nas internacionais e nacionais de alto padrão. Nas internacionais, além de atender altos executivos brasileiros se mudando para o exterior ou retornando para o Brasil, o público é formado por diplomatas, estrangeiros e funcionários de organizações internacionais se estabelecendo ou deixando o país.

A empresa, como diz o CEO Wesley Thomé, usa tecnologia para tirar o estresse que sempre envolve uma mudança, especialmente para outro país, já que a carga demora em torno de 60 dias para ser entregue. Com a digitalização de todo o processo, desde a primeira vistoria do que será transportado, a One Moving consegue entregar ao cliente a informações de onde os produtos estão a cada momento. “Mudança é sempre um momento de estresse, por isso atuamos para deixar esse processo o mais fácil possível. É um momento emocional. Não transportamos objetos, mas a vida das pessoas”, diz ele nesta entrevista à [EXP].

[EXP] A One Moving só faz mudanças internacionais ou nacionais também?

Wesley Thomé – Fazemos os dois, mas o nosso foco é o mercado internacional. Somos a segunda maior empresa da América Latina neste mercado. O mercado de mudanças nacionais é muito informal e compete muito por preço. Com esse foco em mudanças internacionais nós crescemos muito, porque temos uma qualidade bem superior. Nas mudanças nacionais, atuamos no nicho de altíssimo padrão. Muitas vezes somos contratados para fazer a mudança do CEO da empresa, porque a organização não confia que o prestador contratado para fazer a mudança corporativa vai entregar um bom serviço para o executivo.

Qual o diferencial que oferecem?

Nós investimentos muito em tecnologia. Quando fazemos a vistoria do que será transportado, digitalizamos tudo e a nossa equipe vai para a casa do cliente sabendo qual o tipo de embalagem que será utilizada. Todas as nossas mudanças são 100% rastreadas, o cliente pode acompanhar em tempo real onde exatamente está a mudança, qual a situação do desembaraço. São processos longos. Por exemplo, uma mudança daqui para Nova York leva 60, 70 dias. E nós fazemos toda a parte de alfândega, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Tentamos fazer com mais rapidez, ser um pouco mais eficientes na liberação da burocracia.

Temos também um diferencial de atendimento. Nosso manual para os funcionários inclui como agir respeitando as diferentes culturas dos clientes. Por exemplo, os coreanos não usam sapato dentro de casa, então nossos funcionários já vão preparados, tiram o sapato, colocam propé, sabem como cumprimentar, como falar do jeito que eles gostam. Mudança é sempre um momento de estresse e atuamos para deixar esse processo o mais fácil possível. É um momento emocional. Não transportamos objetos, mas a vida das pessoas.

E em relação às práticas ESG?

Nos destacamos nisso, conseguimos 11 certificações. Não usamos mais plástico nas nossas embalagens, apenas papelão e uma fita especial de papel, que é reciclável. Também reutilizamos caixas que recebemos para embalar produtos, proteger os bens. Temos uma frota elétrica no Brasil, somos a única empresa de mudança na América Latina com esse diferencial. Tudo o que sobra de material nós doamos para a AACD, que vende para reciclagem. Também entregamos a eles itens que a pessoa que está se mudando quer doar.

Como você entrou nesse mercado de mudanças?

Eu fazia a faculdade de administração e consegui um estágio em uma empresa de mudanças internacionais, gostei muito. Mas aí eu me formei em administração, depois me formei em direito também. Em 1999, passei por duas empresas de mudanças internacionais e em 2016 eu fundei a One Moving. Eu já tinha um conhecimento no mercado, mas comecei extremamente pequeno. De ano em ano tivemos um crescimento superior a 100% e, desde o ano retrasado, nos tornamos a segunda maior empresa de mudanças internacionais do Brasil. Em 2019 ganhamos uma licitação do Ministério das Relações Exteriores. No mercado nacional, a gente se consolidou como uma opção de mudanças de alto padrão.

Quais são os planos para 2024?

Temos o foco de crescer no mercado nacional corporativo. Esse mercado ainda sofre muito com qualidade, porque o departamento de compras acaba fazendo concorrência e contrata pelo melhor preço. Nós somos escolhidos para fazer a mudança do CEO, porque eles ficam com medo de passar o executivo para aquele prestador que está fazendo a mudança da empresa.

Em 2024 temos um plano de expansão para outros países da América Latina, entre os quais Chile, Colômbia e México. Compramos uma empresa de mudanças em Portugal, onde temos um volume grande de negócios, especialmente de brasileiros indo pra lá e também voltando.

Também fazemos um serviço que chamamos de relocation, que é toda a assessoria para os expatriados se instalarem na nova cidade. Podemos ajudar na busca de residência, emissão de documentos, busca de escola para filhos, curso de idiomas para os expatriados ou esposas.

Isso para brasileiros no exterior ou para estrangeiros no Brasil?

Fazemos os dois, mas o volume maior é para os estrangeiros que vêm para cá. Mas as empresas brasileiras também estão se internacionalizando. Assessoramos na criação de políticas de expatriação, nos benefícios que serão oferecidos aos funcionários.

Você nota um aumento da internacionalização das empresas brasileiras? Como está a tendência do mercado?

De uns dez anos para cá estamos vendo um aumento, principalmente no setor bancário. Alguns bancos expandindo para a América Latina, Portugal, outros para os Estados Unidos. Empresas de tecnologia também. Algumas startups acabam sendo adquiridas e montam a operação fora. Mas, comparando com as empresas europeias ou com as grandes potências mundiais, as brasileiras ainda são muito tímidas na internacionalização. Talvez pelo fato de o Brasil ser um país muito grande, o foco maior é na expansão nacional.

Como é o procedimento alfandegário para liberar mudanças no Brasil? É muito demorado?

O Brasil evoluiu muito nos últimos anos na parte de alfândega. Há dez anos, toda a liberação era feita em papel, um processo que demorava 30 dias. Hoje a Receita Federal libera entre 7 e 10 dias, que é a média internacional. Está tudo automatizado, digitalizado. Mas isso não acontece em todos os portos. Santos e Paranaguá são os melhores. Eu prefiro trazer uma mudança para Santos e levar de caminhão para outros lugares do que levar para o porto do Rio de Janeiro, por exemplo.

E vocês fazem também guarda de acervo de arte? Como funciona esse mercado?

Temos um galpão climatizado montado especificamente para armazenagem de obras de arte, como acervos de grandes expositores e artistas. Fazemos o controle de umidade e de temperatura. Hoje existem apenas dois galpões no Brasil 100% preparados para armazenagem de obras de grandes acervos, um deles é o nosso. Também fazemos o transporte de obras de arte para o exterior, liberação no aeroporto, embalagem, desembalagem, fazemos o processo de porta a porta. A One Moving fez o transporte das obras da Bienal.

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