Tecnologia

Sete temas disruptivos para a Ceia de Natal

Cansado das mesmas conversas com a família ao redor da mesa na véspera do Natal? Elencamos sete temas que marcaram no ano de 2019 e foram destaque na cobertura e nos Fóruns do Experience Club, para fazer bonito na hora da Ceia. Confira: 

AI 

O potencial de uso da inteligência artificial é enorme e sua aplicação está em todos os lugares. No entanto, como coloca Martha Gabriel, autora dos best sellers “Marketing na Era Digital” e “Eu, você e os Robôs”, “inteligência artificial é um dos assuntos mais falados e menos conhecidos da atualidade, poucos sabem exatamente o que está acontecendo”. Em sua apresentação no Fórum CFO Club, ela destacou as 7 leis da inteligência artificial nas empresas. Entre elas, um assunto aparece mais de uma vez: dados. Segundo a especialista, a AI fica cada vez mais eficiente com o aumento do volume de dados para interpretar e associar. No entanto, todo projeto de AI bem-sucedido precisa começar com uma profunda depuração, limpeza e organização de dados. “Sem boas estatísticas, você não consegue aplicar com eficiência ferramentas importantes de AI, como machine learning, por exemplo”, diz. Ao mesmo tempo em que a automação e a inteligência artificial nos abrem um mundo infinito de possibilidades, elas também nos colocam dilemas e trazem questões éticas relevantes. Este foi um ponto levantado por Matt Joe, CTIO da Avanade, uma joint venture entre Microsoft e Accenture, durante o Fórum CIO Club, do Experience Club. As tecnologias centradas em dados podem nos expor e nos deixar vulneráveis e outras como as de reconhecimento facial não são neutras. Ao contrário, quase todos eles carregam preconceitos, alerta o especialista. 

Saiba mais sobre AI em entrevista com Martha Gabriel na Experience TV.

Data Economy

Big data se tornou estratégico para orientar a tomada de decisões. Tradicionalmente usado no varejo, para análise de categorias de vendas, performance de produtos, seu uso se espalhou para outras áreas. Isso se deve especialmente pelo aumento da capacidade de análise de dados, digitalização e automatização dos processo. Gestão de profissionais, alocação de capital, investimentos em tecnologia podem e devem se valer do big data, como pontua Rodrigo Abreu em entrevista à Experience TV, que esteve a frente como CEO da gestora de dados Quod e atualmente é COO da Oi. “Um dos maiores erros que as empresas cometem é não saber o que fazer com a quantidade de dados. A coisa mais importante que uma empresa tem que saber é o que ela espera obter. Afinal, se perder no infinito é muito fácil”. 

Reconhecimento Facial

Na vanguarda do desenvolvimento das tecnologias mais sofisticadas de reconhecimento facial está a China. O país tem hoje uma das sociedades mais vigiadas do mundo. Empresas iniciantes como MegVii, avaliada em US$ 3,5 bilhões, conta com investimentos de peso de grandes conglomerados como SoftBank e Alibaba. Já a sua concorrente SenseTime, por sua vez, tem seu valor de mercado estimado em US$ 1,6 bilhão. A maior parte da receita dessas empresas vem de contratos com o setor público, como prefeituras, governos provinciais e órgãos de transporte. Já nos Estados Unidos, a visão é outra. Já nos Estados Unidos, a aceitação popular da tecnologia de biometria facial é bem diferente do cenário chinês. Os movimentos contrários à tecnologia fizeram a cidade de San Francisco proibir a polícia de usar aplicativos de reconhecimento facial. Uma das grandes preocupações é exacerbar a injustiça racial. A tecnologia já desembarcou no Brasil: o Maracanã é um exemplo disso. Desde a Copa América, o estádio está equipado com um sistema de videovigilância, que utiliza câmeras com tecnologia de reconhecimento facial junto de analytics. A iniciativa faz parte de um projeto de monitoramento urbano bancado pela Oi, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Empresas como a Gol tem apostado no reconhecimento facial. Em nosso report especial sobre a GOLlabs, falamos sobre o primeiro totem que usa a biometria facial para o onboarding no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. 

Voicecommerce

O futuro do e-commerce está na voz”, destacou em entrevista à Experience TV, Léo Xavier, CEO da Pontomobi. Conforme nós vamos nos acostumando a “conversar” com uma máquina, uma nova barreira vem sendo quebrada: a das compras. Um estudo da Voicebot.AI, central de mídia especializada em dados e pesquisas na área, mostra que, nos Estados Unidos, pesquisar produtos para compras já figura em quarto lugar em relação ao uso dos assistente de voz. A expectativa é de que, até 2023, US$80 bilhões serão comercializados via voice commerce ao ano, de acordo com estudo da Juniper Networks, multinacional de TI e soluções para redes e cibersegurança. O levantamento também aponta que já existem mais de 3 bilhões de smart assistants no mundo e até 2023, serão mais de 8 bilhões. Ou seja, US$ 10 de compras por assistente de voz no planeta. 

Unicórnios Brasileiros

Em 2019, foi a vez de novas startups brasileiras atingirem o valor de mercado de 1 bilhão de dólares, tornando-se unicórnios. O movimento, que coloca o Brasil em destaque num mercado global em crescimento, deve-se muito ao financiamento de fundos de capital de risco. É o caso da empresa de entregas Loggi, que recebeu em junho um aporte de 150 milhões de dólares liderado pelo grupo SoftBank (leia nosso report especial sobre o tema – A fórmula Softbank). O fundo japonês foi responsável por liderar rodadas de investimentos que já injetaram quase US$ 700 bilhões em startups brasileiras. Foi a mesma Softbank que elevou a Gympass, plataforma corporativa de atividades físicas, ao status de unicórnio, liderando uma rodada com primeira tranche de US$ 190 milhões. A empresa, que já está presente em 14 países, agora se organiza para entrar no mercado asiático. O novo salto de crescimento será possível graças ao aporte de 300 milhões dólares que a startup recebeu em outubro dos fundos americanos Atomico, General Atlantic e Valor Capital Group. A missão da empresa é travar uma cruzada contra o sedentarismo nas empresas, como contou o co-fundador João Barbosa, em palestra no Fórum CEO Brasil

Ainda este ano, chegaram ao status de unicórnio, a QuintoAndar, de aluguéis, e o Ebanx, de pagamentos. E para 2020, podemos esperar que mais brasileiras entrem neste seleto grupo. Isso porque o Brasil deverá fechar o ano com 2,5 bilhões de dólares em rodadas de investimento, quase o dobro de 2018 e mais de 60% do capital de risco da América Latina, segundo cálculos da empresa de inteligência de startups Distrito com base em dados da Lavca, associação latino-americana de venture capital.

Fintechs 

Um setor especial ganhou os holofotes neste ano: o das fintechs. Já são mais de 400 espalhadas no Brasil, sendo a maioria delas focada em crédito. Desde 2015, o número de empresas tem crescido 96% ao ano, somando mais de 400 startups de tecnologia financeira em operação atualmente, conforme aponta o Radar Fintechlab 2018, o mais recente mapeamento disponível. Este número representa 8,8% das startups do país. A atração de investidores nesse novo mercado está relacionada, em parte, a iniciativas do Banco Central para tornar o ambiente regulatório mais propício a novos concorrentes, sobretudo com perfil tecnológico. Entre esses movimento está a agenda BC#, uma ampliação do projeto original BC+, de 2016, que visa fomentar a educação financeira e tornar o sistema mais inclusivo e competitivo como um todo. Com isso, vimos crescer na mesma medida o apetite dos investidores estrangeiros acirrando a disputa desta fatia do mercado por aqui. A empreitada do Softbank no Brasil, o maior fundo de investimentos em tecnologia do mundo, é uma prova disso. Em setembro deste ano, a gestora pagou o equivalente a R$ 1 bilhão em papéis do Banco Inter por 8% das ações da instituição mineira. Além do Inter, a Softbank fez um aporte no valor de US$ 231 milhões na Creditas, fintech de empréstimo pessoal fundada no Brasil pelo espanhol Sergio Furio.

LGPD e Cyber Security

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais entra em vigor no Brasil em agosto de 2020. A nova legislação regula as atividades de tratamento de dados pessoais e altera os artigos 7º e 16º do Marco Civil da Internet. Com ela, o Brasil passa fazer parte dos países que contam com uma legislação específica para proteção de dados e da privacidade dos seus cidadãos. Bem recebida pelo mercado, a nova Lei Geral de Proteção de Dados está acendendo o alerta vermelho das empresas de cybersegurança. Se de um lado a legislação ordena o tratamento de informações, protegendo em tese a privacidade dos consumidores, a LGPD ao mesmo tempo vai criar uma “tabela de preços” para os criminosos digitais. Este alerta é compartilhado por profissionais como João Lucas Melo Brasio, da empresa especializada em segurança digital Ely
tron, que esteve no
Fórum CIO Brasil.“Até hoje os cybercriminosos brasileiros não tinham ideia precisa do valor dos dados, mas com a nova lei que impõe multas pré-definidas sobre faturamento, ele consegue mensurar com facilidade esse preço e aumentar seu poder de extorsão”.

Texto: Luana Dalmolin

Imagens: Unsplash e Experience Club

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