De olho na COP – e nas oportunidades da transição verde
Ricardo Natale
A COP28, que está sendo realizada desde a semana passada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um ótimo momento para nos fazer pensar o que estamos fazendo, como líderes, para preparar nossas empresas para a transição para uma economia de baixo carbono. Estamos dando a nossa contribuição para a construção de uma nova matriz energética, regenerativa?
Para quem ainda tinha dúvidas sobre a importância e a urgência deste tema, basta lembrar os eventos extremos que vivemos, simultaneamente, no Brasil apenas em novembro: calor extremo no Sudeste, chuvas e inundações no Sul, seca extrema na Amazônia e incêndios num nível alarmante no Pantanal. Olhando em termos globais, no dia 17 de novembro atingimos, pela primeira vez, uma temperatura média no planeta 2 graus Celsius acima do período pré-industrial. Foi apenas um dia, mas já serve de alerta sobre o que nos espera se continuarmos não fazendo o suficiente para frear o aquecimento global. E lembrando que todo o esforço dos acordos internacionais é para limitar o aumento da temperatura a 1,5 C sobre o nível pré-industrial.
Muitas das discussões nesses encontros de cúpula giram em torno dos compromissos dos governos, e há tempos vivemos um impasse sobre quem deve pagar a conta dos séculos de emissões acumuladas. Os fundos dos países ricos são insuficientes para estimular os países pobres a mudar sua economia.
Mas a ausência de um acordo global não pode servir de justificativa para que o setor privado não faça a sua parte. E não apenas para que deixemos um mundo melhor para os nossos filhos – isso é fundamental, claro. A transição verde também traz muitas oportunidades, e quem começar a se preparar agora estará melhor posicionado quando restrições começarem a se tornar mais frequentes. No caso das empresas brasileiras, o risco é ficar de fora de mercados importantes, que devem começar, nos próximos anos, a impor restrições a empresas que não cumprem determinados requisitos em sua cadeia produtiva.
Se em décadas recentes a produtividade vinha de equipamentos mais eficientes, melhor treinamento da força de trabalho, o momento é de voltar a inovação para novas maneiras de produzir que consumam menor energia e gerem menos resíduos. À primeira vista, trocar equipamentos, desenvolver novas tecnologias e novos processos poder parecer um gasto adicional. De fato, os custos podem subir inicialmente. Mas à medida que a economia verde se torna uma norma, os custos recaem sobre quem ficar de fora.
E as oportunidades ficam com quem se adiantar e estiver alinhado ao novo ethos corporativo. É preciso produzir mais, gerar valor para os acionistas, mas também para a sociedade.
E lembrando que, daqui a dois anos, a COP 30 será realizada no Brasil, em Belém. Será uma oportunidade perfeita para mostrar ao mundo que as empresas brasileiras também produzem inovação na defesa do meio ambiente.
E você, já pensou como sua empresa está se preparando para este futuro?
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