Estratégia preditiva da John Deere prepara colaboradores para o futuro

Como preparar uma empresa com 191 anos de história, que reúne mais de 75 mil colaboradores em 70 países, para se antecipar ao futuro? A John Deere, que produz máquinas e equipamentos agrícolas e para a indústria de construção, e desenvolve soluções tecnológicas para estes setores, acredita que a resposta está nas pessoas, com o apoio da tecnologia.

“Temos trabalhado com essa perspectiva antecipatória e estamos preparando, hoje, nossa visão para 2035, usando um processo de mapeamento de tendências (scanning), previsão (forecasting) e construção do futuro que desejamos”, explicou Wellington Silvério, Head de RH para a América Latina na John Deere em sua palestra no RH Experience, evento que reuniu 80 líderes na Experience House, em São Paulo.

Responsável pela estratégia de gestão de pessoas de mais de 20 mil colaboradores na América Latina, sendo 9 mil apenas no Brasil, o RH da região foi pioneiro na adoção do método de antecipação de futuro, servindo como benchmarking para o RH global. Segundo Wellington, são quatro os desafios da área: inspirar e engajar os colaboradores; liderar usando o poder da tecnologia e dos dados; evoluir a estratégia de Diversidade & Inclusão (D&I); e atualizar a cultura corporativa diante das transformações.

Entre as megatendências mapeadas estão temas como longevidade e envelhecimento da população, mudanças climáticas e impactos ambientais, novos paradigmas de mobilidade e transformações impulsionadas pela biotecnologia, entre outros.

A perspectiva de foresight trabalha com três horizontes. No primeiro, a atenção está voltada para o presente, com foco na operação do dia a dia. No segundo horizonte, o olhar se volta ao futuro próximo, com melhorias incrementais e experimentações. Já o horizonte três engloba o futuro mais distante, considerando as tendências que terão impacto no negócio e que exigem estratégias de antecipação como resposta.

“A maioria das organizações não se dedica ao horizonte três. Ao olhar para esse futuro, é possível preparar e construir o caminho para que não sejamos surpreendidos por uma disrupção inesperada no negócio”, destacou. Ele reforçou que a área de Recursos Humanos da John Deere entende que é justamente nesse horizonte que deve concentrar grande parte de seus esforços, para gerar valor à organização.

Colaboração e uso da tecnologia

Em 2016, o RH da John Deere iniciou seu processo de transformação, incorporando metodologias como Design Thinking e Value Stream Mapping, que aumentaram a colaboração entre as equipes. Em 2020, a companhia deu início à estratégia de foresight e passou a integrar novas tecnologias para apoiar essa visão de futuro. “Entendemos que a inteligência artificial é uma facilitadora desse processo”, afirmou.

Entre os exemplos apresentados por ele está a implementação do uso de metaverso em grande parte do processo de onboarding dos colaboradores, proporcionando uma experiência mais imersiva e personalizada. No recrutamento, a inteligência artificial atuará na triagem inicial dos candidatos, realizando até 100 entrevistas simultâneas antes de encaminhar os selecionados à etapa com os recrutadores. A companhia percebeu que essa abordagem torna o processo mais democrático, já que muitos candidatos anteriormente não conseguiam participar por questões econômicas. Hoje, com o uso de um celular, já é possível se candidatar às vagas.

Por fim, o chatbot Johnny tornou-se um aliado do centro de operações de RH. A adoção dessa ferramenta resultou na economia de 945 horas em atividades operacionais da equipe. “Essas pessoas passaram a se dedicar mais ao atendimento às áreas de negócio”, finalizou.