Gestão

Etarismo – Um novo nome para um velho preconceito

Autora: Fran Winandy

Ideias centrais:

1 – A preocupação com a aparência da idade é tão grande, que já se criou um termo para esse incômodo: age shaming, que é o nome dado para a vergonha de envelhecer, fenômeno que afeta a saúde física e mental das pessoas, especialmente as mulheres.

2 – Estudo feito pela Universidade de Montreal em 2014 apontou 14 estereótipos relacionados aos idosos, entre os quais a falta de disponibilidade na socialização, saúde frágil, aparência ruim, ausência de preocupação com higiene pessoal e reveses financeiros. Outros estudos apontam a falta de memória e o declínio da agilidade física e mental.

3 – O termo “envelhecimento ativo” foi criado pela Organização Mundial da Saúde com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem. É uma política que subsidia ações envolvendo a saúde, a segurança, a participação na sociedade, o lifelong learning.

4 – Ao analisarmos o modus operandi da publicidade e propaganda, percebemos a presença constante do etarismo. Uma das explicações para isso é a idade dos profissionais que atuam na área: em geral bastante jovens, têm imagem associada a inovação e criatividade.

5 – O preconceito de idade raramente opera de forma isolada. Em geral, ele atua de forma cruzada com outro preconceito, como raça, gênero ou classe social.  Nesse cenário de preconceitos, a velhice de pessoas negras, que compõem 48% da população idosa do país, merece grande atenção: muitos negros não chegam à terceira idade, nem têm acesso ao “envelhecimento ativo.”

6 – O envelhecimento da população é uma das quatro megatendências do século 21 com muitas oportunidades. A economia prateada é o conjunto de produtos e serviços voltados às necessidades das pessoas com mais de 50 anos. No Brasil, há 342 negócios inovadores visando o público maduro.

7 – Pesquisa realizada pela fundação Dom Cabral revelou que existem 343 negócios inovadores voltados para o público maduro no Brasil. No mundo, seis delas já são unicórnios, com destaque para a Papa, nos Estados Unidos, plataforma que conecta idosos a universitários.

Sobre a autora:

Fran Winandy é psicóloga com MBA em Recursos Humanos e mestrado em Administração de Empresas. Atua como consultora, palestrante e professora de pós-graduação nas áreas de Recursos Humanos e Diversidade Etária. É sócia da Acalantis Services, consultoria de carreira para pessoas e empresas.

Introdução:

Etarismo é o preconceito de idade. O ato de discriminar uma pessoa ou um grupo de pessoas em função de sua idade cronológica.

Alguns chamam esse preconceito de ageísmo; outros, de idadismo. Preconceito etário, preconceito de idade ou velhofobia, quando o preconceito é específico contra idosos. Eu gosto de termo etarismo, por sua abrangência (jovens e idosos) e suas raízes decorrentes do adjetivo “etário” – que diz respeito à idade ou que é característico da idade. Usarei esse termo no decorrer do livro, mas você pode escolher o que melhor lhe agradar.

No livro, apresentarei alguns exercícios que poderão ajudar você a refletir sobre seus medos e preconceitos em relação ao tema. Faça os exercícios em um caderno, ou, se preferir, abra uma pasta em seu computador, tablet ou celular, mas não deixe de fazê-los! Quando nossos pensamentos são expressos em palavras escritas, a ação fica mais próxima e, com ela, vem a transformação.

Inscreva-se na nossa newsletter

Capítulo 1 – A idade e o nosso medo de envelhecer

Em geral, as pessoas procuram corresponder à expectativa social em relação ao comportamento apropriado para a sua idade. Porém, essas expectativas variam em função das condições culturais, econômicas e sociais. Isso significa que a expectativa sociodemográfica de uma pessoa que reside em uma grande capital urbana brasileira é diferente daquela encontrada, por exemplo, em uma comunidade agrícola do interior da China, em relação a alguém da sua idade.

Acredita-se que a idade subjetiva seja um indicador mais complexo do que a simples opinião sobre sentir-se velho ou jovem. A idade subjetiva parece ter, de fato, consequências sobre o processo de envelhecimento, e talvez a mais instigante seja o fato de que sentir-se jovem faz com que as pessoas se comportem como se efetivamente rejuvenescessem. Isso compensa as implicações negativas do etarismo, aumentando os níveis de satisfação com a vida e a longevidade. Talvez seja essa a primeira dica para quem pretende implantar algum programa ligado ao assunto.

A preocupação com a aparência da idade é tão grande, que já se criou um termo para esse incômodo – age shaming é o nome dado para a vergonha de envelhecer, fenômeno que afeta a saúde física e mental das pessoas, especialmente das mulheres. A pressão sociocultural sobre elas está relacionada à manutenção de sua aparência física.

Capítulo 2 – Raízes do etarismo

No caso do envelhecimento, os estereótipos mais comuns são negativos e dão origem ao preconceito e à discriminação. Por isso, dizemos que os estereótipos são as raízes do etarismo.

Vários estudos internacionais identificam os estereótipos relacionados aos idosos. Um deles, realizado pela Universidade de Montreal em 2014, apontou 14 estereótipos, entre os quais a falta de disponibilidade na socialização, saúde frágil, aparência ruim, falta de preocupação com a higiene pessoal e maior incidência de problemas financeiros. Outros estudos apontam também para a perda de memória, declínio da agilidade física e mental, perda de audição, dificuldades de aprendizado e de lidar com tecnologia.

As sociedades orientais têm um olhar diferente sobre o envelhecimento, embora na atualidade existam algumas semelhanças com o mundo ocidental, trazidas pelo advento da tecnologia, com a consequente perda do papel de detentores de conhecimento por parte dos mais velhos.

O etarismo permanece, com a diferença de que agora há um desconforto em relação ao assunto e certa mobilização social em curso. Porém, se olharmos para as revistas de moda, editoriais, propagandas e mídia, de uma forma mais ampla, para perceber que a juventude ainda é retratada como sinônimo de beleza.

No setor de saúde, mantém-se falta de empatia para com os idosos, tratados muitas vezes como incapazes ou infantilizados, especialmente quando acompanhados por um adulto mais jovem em consultas ou atendimentos.

Capítulo 3 – O etarismo ao longo da vida das mulheres

No mercado de trabalho, o etarismo é contundente para elas. Quando jovens, a questão da gravidez ainda é um assunto que preocupa gestores mais tradicionais.

Quando têm filhos pequenos, o preconceito paira novamente sobre elas: será que vão dar conta? Por mais que consigam equilibrar a vida profissional com fraldas, pediatra, febres e apresentações escolares, ao primeiro sinal de interferências domésticas no trabalho, seus colegas masculinos já olham de lado e comentam entre si quanto elas são protegidas e têm privilégios na empresa, esquecendo-se das dificuldades das próprias mães, esposas ou filhas.

E os filhos, que hoje no Brasil costumam permanecer instalados na casa dos pais até os 25, 35 anos, denominados de geração canguru, em função da dificuldade de se desvincular do conforto de que desfrutam, às vezes partem para uma “produção independente”, voluntária ou não, e nem sempre têm condições de bancar financeira e emocionalmente uma família. E são novamente elas, mães, filhas e agora avós, que vão lidar com essa situação sem maiores dramas, porque já estão acostumadas a sair na frente e fazer acontecer.

Acreditar que o sucesso se deu devido à sorte, à simpatia, aos contatos que tem, por “estar no lugar certo, na hora certa”, e assim por diante, são nuances da síndrome do impostor, que faz com que a pessoa sinta que é uma fraude, que não merece o sucesso que tem e que a qualquer momento descobrirão que ela não tem o valor que lhe é atribuído.

Desconheço estudos que correlacionem a síndrome do impostor ao etarismo, mas as inseguranças trazidas pelo preconceito etário certamente reforçam as possibilidades de intersecção, especialmente para as mulheres preocupadas com os reflexos do preconceito em sua credibilidade.

Capítulo 4 – A interseccionalidade: o etarismo e os demais pilares da diversidade

O preconceito de idade raramente opera de forma isolada. Em geral, ele atua de forma cruzada com outro preconceito, como raça, gênero ou classe social. O etarismo ao longo da vida das mulheres já foi citado, sendo gênero um marcador complexo, possivelmente em função de sua amplitude.

Para a população LGBTQIA+, o etarismo se revela mais intenso entre aqueles que não têm um grupo de apoio na velhice, amigos e familiares. Colocados de lado por causa do preconceito, sofrem com a solidão, isolamento social, abandono, além de problemas de saúde, em razão da falta de cuidados preventivos.

Nesse cenário de preconceitos, a velhice de pessoas negras, que compõem 48% da população idosa do país, merece grande atenção. Grupo marcado pelo racismo e por preconceitos relacionados a questões sociais e econômicas, somadas às dificuldades de acesso a serviços de saúde e empregos, sua velhice é precoce e ruim.

Aqui, muitos negros não chegam à terceira idade e não têm acesso ao “envelhecimento ativo”. Idosas negras são as maiores vítimas de preconceitos no mercado de trabalho.

Capítulo 5 – O etarismo no mundo do trabalho

De acordo com Barbara Lawrence, professora da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, o papel desempenhado pela idade em uma organização depende mais das crenças das pessoas sobre a idade do que da idade em si, e as normas de idade justificam o hábito de se adotar um critério etário sem questionamentos, reforçando os estereótipos vigentes. Portanto, se a sua organização costuma ter como idade média para gestores a faixa de 35 anos, ou outra qualquer, esse critério pode ser justificado pelas normas de idade de sua empresa. Cabe a você questionar, já que possivelmente não há nenhuma explicação lógica para isso e certamente é uma das causas de etarismo na empresa.

Os custos com a assistência médica são realmente altos, e esse é um tema que deveria ser objeto de interferência governamental. Enquanto isso não acontece, os benefícios para a empresa, por ter um profissional sênior, ultrapassam essa questão. Além do mais, muitos profissionais maduros têm seu próprio convênio médico e estão dispostos a abrir mão desse benefício, já que não querem correr o risco de perder as carências que já cumpriram. A sugestão é que a empresa forneça um plano pessoal ou utilizar como ajuda de custo no que já possuem.

Um aspecto a ser considerado é que o retorno do investimento em treinamento aplicado a trabalhadores mais velhos não é baixo, pois a probabilidade de eles deixarem a empresa é menor, conforme atestam as pesquisas. Além disso, o lifelong learning também é responsabilidade da organização.

Capítulo 6 – Gerações: vale a pena rotular?

Os veteranos seriam os primeiros a puxar a fila dos marcadores geracionais, nascidos antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Em seguida, os nascidos no pós-guerra até meados da década de 60, os baby boomers. A geração seguinte é a X, que, na Europa e nos Estados Unidos, vai até o final dos anos 1970, mas no Brasil persiste até o início da década de 1980, quando cede lugar à geração Y, ou Millennials. A geração Z surge em meados dos anos 1990, em torno de 1995/1996, e a geração Alpha em torno de 2010.

Reflexão

Agora que você já conhece a classificação etária por gerações, reflita sobre o seu perfil e avalie se ele se encaixa na descrição. Pense agora em alguém mais velho do que você e faça o mesmo exercício mental. O entendimento entre pessoas de gerações diferentes é um desafio para as empresas, mas, se pensarmos com cuidado, veremos que é um desafio social. Não é normal pais, filhos e netos terem diferentes visões sobre a vida? Abrir-nos para a empatia e a escuta ativa em nosso dia a dia pode ampliar essa conexão. Vamos tentar?

Capítulo 7 – Afinal, o que é o tal do “envelhecimento ativo”?

O termo “envelhecimento ativo” foi criado pela Organização Mundial de Saúde com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem. É uma política que subsidia ações evolvendo a saúde, a segurança, a participação na sociedade e a aprendizagem ao longo da vida, aspectos que, juntos, proporcionam um envelhecimento saudável para as pessoas.

A Política de Envelhecimento Saudável, divulgada pela OMS para o período de 2015 a 2030, substitui o envelhecimento ativo, agora com novos contornos que interagem de forma multidimensional entre funcionalidades físico-químicas, estilo de vida, inclusão social, ambientes de moradia e particularidades de cada pessoa: “O processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que possibilita o bem-estar da velhice”.

Outro ponto abordado pela OMS é a aprendizagem contínua, ou lifelong learning. A aprendizagem ao longo da vida é uma necessidade real, que deve ser estimulada para que as pessoas tenham uma mentalidade de aprendizado constante e consigam se atualizar e se reinventar ao longo da vida.

Capítulo 8 – O etarismo na publicidade e propaganda

A pesquisadora Christiane Machado trouxe dados interessantes ao analisar propagandas dos dez maiores anunciantes do país, representantes de mais de 200 marcas: nos 3% dos anúncios em que havia a presença de idosos, estes eram representados de maneira estereotipada, o que levou a autora a concluir que, embora todos queiram viver mais, ninguém quer ficar velho, equação difícil de resolver.

Ao analisarmos o modus operandi da publicidade e propaganda, percebemos a presença constante do etarismo, independentemente da evolução dos debates sobre o tema. Uma das explicações para isso é a idade dos profissionais que atuam nessa área: em geral bastante jovens, têm imagem associada a inovação e criatividade, o que é um estereótipo questionável se analisarmos o perfil e a produção ativa dos incríveis Washington Olivetto, de 69 anos, Nizan Guanaes, de 63 anos, Sibely Silveira, de 54 anos, Fernand Moura, de 53 anos, e Mentor Neto, de 51 anos (idades no ano de 2021), apenas para citar alguns brasileiros da área que ainda produzem trabalhos incríveis.

Os idosos em geral são retratados de forma estereotipada nas propagandas. Tente lembrar-se de alguma em que isso não ocorreu e anote. Se você só conseguir se lembrar de propagandas com imagens estereotipadas, pense em uma e anote o que faria para alterá-la.

Capítulo 9 – O etarismo no cinema, no streaming, nas novelas e nas redes sociais

“Envelhecer é como escalar uma grande montanha:

Enquanto se sobe, as forças diminuem,

Mas a visão se amplia.”

Ingmar Bergman

Ainda assim, o ideal de velhice propagado em boa parte dos filmes de Hollywood é o do envelhecimento fake, manipulado, hipermaquiado, difundido por atores idosos como Sylvester Stallone, Bruce Willis e Arnold Schwartzenegger, que, mesmo assim, não conseguem mais disfarçar os avanços do tempo. O protagonismo que as pessoas 60+ têm na vida real é raramente retratado no cinema.

Recentemente, a atriz Sarah Jessica Parker reagiu aos inúmeros comentários e críticas sobre suas rugas e seu envelhecimento nas redes sociais quando foi anunciada a sua volta à série Sex and the City. As atrizes maduras costumam ser escaladas para papéis de pessoas deprimidas, solitárias e sem vida sexual e, nas raras vezes em que isso não ocorre, demonstrações agressivas nos mostram como o etarismo é rigoroso com as mulheres. Vale salientar que muitas dessas críticas vieram também de mulheres, incomodadas com o fato de a atriz ter uma postura natural diante do envelhecimento.

Na novela Mulheres Apaixonadas (2003), o tema do empobrecimento pós-aposentadoria e da violência contra idosos por parte de familiares, situações comuns na vida real, foi retratado, quando um casal de idosos passou a viver com o filho e foi sistematicamente maltratado pela neta.

Capítulo 10 – O etarismo no mundo da moda

O padrão de corpo saudável e belo no mundo da moda se estabeleceu por volta dos anos 1940, com a ajuda dos filmes de Hollywood, mas foi a partir dos anos 1960 que a juventude passou a ser enfatizada como a única possibilidade atraente de estética. O corpo com sinais de envelhecimento, que já era referência de desleixo pessoal, passou a ser objeto de negação: disfarçar a idade tornou-se prática corriqueira, especialmente para as mulheres, muitas vezes envergonhadas pela presença de sinais da passagem do tempo.

Na Inglaterra, o documentário Fabulous fashionistas, de 2013, é estrelado por mulheres acima de 80 anos, e, nos Estados Unidos, o documentário Advanced Style, de 2014, retrata mulheres com idades entre 62 e 96 anos que vivem bem e aceitam o seu envelhecimento, mostrando aspectos realistas dessa fase da vida. Além disso, proliferam na Europa e nos Estados Unidos inúmeros blogs de estilo direcionados a pessoas idosas, trazendo como consequência uma nova profissão até então inimaginável para o público dessa faixa etária modelo 50+.

Reflexão

O mundo da moda é particularmente cruel om as mulheres. Se você é mulher, pense no número de vezes em que se sentiu insegura ao se vestir ou que chegou a trocar de roupa por achar que estava fora dos padrões de bom senso. Se você é homem, reflita sobre as vezes em que julgou uma mulher pelo traje, especialmente uma mulher mais velha.

Capítulo 11 – O etarismo nos esportes

O etarismo permeia diversos esportes e atinge atletas de várias faixas de idade. A ex-ginasta Daiane dos Santos, em entrevista para a Quem News, relembra que ingressou na ginástica olímpica aos 11 anos, idade tardia para o início dessa modalidade: “Por que você não vai fazer atletismo? Está muito velha, por que não vai para outro esporte”? Em 2020, a ex-atleta, após engordar 15 quilos, sofria de gordofobia, pressão atlética relacionada ao peso, comum em nossa sociedade, especialmente para as mulheres.

Matéria na Radio France trouxe um questionamento interessante: por que muitos atletas jovens parecem velhos? Corpos de adolescentes com cara de avós, dizia a matéria.

Atletas profissionais costumam praticar esportes ao ar livre por longos períodos de tempo. As intempéries contribuem para o envelhecimento da pele, como o sol, o vento e o frio. Os raios UV destroem as fibras de colágeno e elastina; além disso, há uma produção extra de radicais livres, provocada pelo consumo excessivo de oxigênio em práticas intensas e prolongadas de esportes, que também se reflete no envelhecimento da pele.

Capítulo 12 – Uma conversinha sobre o etarismo e o “mercado prateado”

O envelhecimento da população é uma das quatro megatendências do século 21 e se revela uma grande oportunidade para a economia. A economia prateada é o conjunto de atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50 anos, envolvendo produtos e serviços voltados para esse público. De acordo com dados da Hype 50+, no Brasil, 63% das pessoas acima dos 60 anos são provedoras de família, o que traz um grande desafio para elas: a poupança para uma vida mais longa.

De acordo com uma pesquisa realizada pela fundação Dom Cabral, no Brasil existem 343 negócios inovadores voltados para o público maduro, boa parte vinda de startups. Tendência global, no mundo seis delas já são classificadas como unicórnios (cuja avaliação supera US$ 1 bilhão), com destaque para a Papa estadunidense, plataforma que conecta idosos a universitários. Por aqui estamos abrindo muitas frentes para isso, mas com muito espaço para crescimento, já que as empresas brasileiras que atuam nesse setor têm pouco tempo de vida e soluções ainda muito voltadas para a área de cuidados (40% delas).

Capítulo 13 Alguns depoimentos de quem foi vítima de etarismo

Olá. Meu nome é M., tenho 60 anos e um corpo de 40, 45 no máximo. Pelo menos é o que todos me dizem. Sou miúda, magrinha mesmo! Mas eu sofro muito preconceito na minha casa. Meu marido e meus filhos não gostam quando coloco uma saia mais curta, uma blusa decotada ou uma calça apertada. Dizem que não tenho mais idade para usar essas coisas. Mas eu gosto, me sinto bem. Quer dizer, me sinto bem até falarem isso. Não gosto de ter 60 anos, menos ainda de ser lembrada disso. Não me acho tão velha! MSS, 60 anos

Quando fiz 50 anos, fui demitida do banco em que trabalhava havia 10 anos. Eu era o recurso mais caro da área e entraria no período de estabilidade dali a seis meses. Estava muito bem, conduzindo um projeto importante. O meu diretor nem teve a coragem de me desligar, saiu de férias e passou a missão para a área de Recursos Humanos. Fiquei arrasada! 50 anos, como conseguiria me recolocar? LG, 56 anos

Capítulo 14 – Algumas indicações para você

Existem algumas iniciativas voltadas para negócios e empreendedorismo sênior, além de alguns grupos e comunidades de empoderamento para pessoas maduras. Se você faz parte desse ecossistema e quer apresentar o seu projeto, envie a síntese de um parágrafo para o meu e-mail, fran@acalantis.com.br, com o site, se tiver, para mais detalhes.

Iniciativas voltadas para o público maduro já são mais comuns. No exterior, existem 21 instituições espalhadas pela Europa, América do Norte, Coreia do Sul e Austrália. A USP mantém cursos em todas as suas unidades para pessoas acima de 60 anos, por meio do programa Universidade Aberta à Terceira Idade. A PUC-SP tem a Universidade Aberta à Maturidade, direcionada ao público com mais de 40 anos, e a Universidade Presbiteriana Mackenzie tem a Universidade Aberta do Tempo Útil, destinada a adultos de forma geral.

Um tema interessante para apoiar a jornada das pessoas maduras são as seniortechs, startups que oferecem serviços e produtos para esse segmento de mercado, colocando o sênior no centro das soluções. Com abrangência transversal, as oportunidades estão em todos os setores que possam atender às demandas desse público, como, por exemplo, moradia, turismo, sites de relacionamento, estética, planejamento financeiro, cuidado com a saúde, games, varejo, alimentação e assim por diante.

Ficha Técnica Etarismo

Ficha técnica:

Título: Etarismo – Um novo nome para um velho preconceito

Autora: Fran Winandy

Primeira edição: Matrix

Resumo: Rogério H. Jönck

Edição: Monica Miglio Pedrosa

  • Aumentar texto Aumentar
  • Diminuir texto Diminuir
  • Compartilhar Compartilhar