Perspectivas políticas do Brasil e os rumos do cenário internacional, na visão de Caio Coppolla

O planejamento estratégico empresarial está intrinsecamente relacionado à compreensão da realidade política e econômica de um país e ao acompanhamento das tendências do cenário internacional. Esse foi o tema central do CEO Brunch, primeiro evento do calendário do Experience Club Nordeste, que reuniu ontem mais de 200 líderes empresariais no Armazém Bru´nelle, em Recife. “Conhecer a realidade política do país e a linha econômica de determinado grupo político é fundamental para planejar o futuro”, afirmou o comentarista político Caio Coppolla, speaker principal do evento. Em sua visão, o governo brasileiro tem levado o país a uma situação de desafios fiscais e econômicos, em especial pela falta de controle sobre as finanças públicas.
Coppolla apresentou os resultados de uma pesquisa conduzida pelo Instituto Quaest, da Genial Investimentos, que ouviu 105 agentes do setor financeiro (gestores de fundos de investimento, analistas de mercado e economistas) em dezembro de 2024, para ratificar seus argumentos. Os dados da pesquisa apontam que 96% dos participantes acreditam que a política econômica do país está indo na direção errada e 88% acreditam que 2025 será pior do que 2024.
O comentarista político criticou ainda a “falta de oxigenação de ideias” do Congresso Nacional, afirmando que há uma “engrenagem viciada em manter as mesmas pessoas”, o que impede as mudanças efetivas no país. Caio defendeu, ainda, que a “opinião pública sempre foi conservadora” e que cresce a adesão ao liberalismo econômico. No entanto, “os anos 2024-2026 mostram uma tendência para a reeleição e a normalização da censura”, disse, ressaltando a possibilidade de deslocamento da janela de Overton, movimento de mudança nas normas políticas e sociais que podem redesenhar o futuro do país.
Em sua reflexão sobre os impactos internacionais, Caio enfatizou o “Efeito Trump”, sugerindo que as mudanças políticas no Brasil poderiam estar alinhadas com ele. “Do ponto de vista macroeconômico, o que Trump deseja é reduzir o déficit fiscal americano e por isso ele criou o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que já anunciou ter economizado US$ 55 bilhões aos cofres públicos, cortando gastos desnecessários”. Coppolla observou que a estratégia de Trump visa reduzir despesas e atacar o déficit comercial e fiscal dos Estados Unidos, mesma estratégia do atual governo da Argentina, cuja política de austeridade fiscal teve, segundo ele, efeitos positivos sobre a economia do país.
Ao final, Caio compartilhou sua visão otimista para o futuro do Brasil, reforçando sua crença na capacidade que o país tem de superar as crises estruturais e alcançar um crescimento sólido, desde que mudanças estruturais e estratégicas sejam implementadas.
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