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The digital storm: oito insights para transformação dos negócios

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Leia também: entrevista exclusiva com Salim Ismail
Uma nova realidade se impôs para as empresas de todos os mercados, de todos os tamanhos, em qualquer parte do mundo. A transformação exponencial dos modelos de negócios e a aceleração tecnológica caminham para modelo econômico inédito, baseado não mais na escassez, mas na abundância. De energia, recursos e dados, a custos cada vez mais próximos de zero.
Esta foi a tônica do Experience Lab – The Digital Storm, realizado nesta quinta-feira, 28.05. O debate com três horas de duração marcou um novo modelo de evento promovido pelo Experience Club, com participação de grandes nomes do mercado de tecnologia e inovação, em conexão inédita entre Pequim, Nova York, Toronto e São Paulo.  
Com moderação do CEO do Experience Club, Ricardo Natale, o encontro contou com a presença brasileira de Cesar Gon, CEO e fundador da CI&T, de Campinas, e Ricardo Geromel, profundo conhecedor do mercado chinês, líder de negócios e tecnologia da 3G Radar e autor dos livros “Bil.lio.nár.ios” e “O Poder da China”, falando de Pequim. 
De Nova York, participou a fundadora do OGroup, especialista em blockchain e novas tecnologias, Maya Vujinovic. O speaker principal do evento foi Salim Ismail, um dos fundadores da Singularity University, CEO da ExO Works e autor dos best-sellers “Organizações Exponenciais” e “Transformações Exponenciais”, falando de Toronto (leia a entrevista exclusiva).
O Experience Lab contou com o patrocínio da Access Brasil, Axway, Cisco, Google Cloud, Iguá Saneamento, LogMeIn e VIVO Empresas. Confira os principais insights deste debate inédito: 
1. MAD MAX OU STAR TREK?
Há 5 mil anos o modelo econômico da humanidade é baseado na escassez. Somos a primeira geração a testemunhar a inversão total desse sistema. O maior desafio das sociedades – e das empresas – é conduzir o processo de transição que não desvie de um mundo Mad Max (escassez) para um futuro Star Trek (abundância).

“Nunca tivemos tantas oportunidades para gerar abundância. Nada impede que em poucos anos a oferta de energia, saúde e educação seja acessível para todos a custo quase zero” – Salim Ismail

2. GUTENBERG MOMENTS: A DISRUPÇÃO É MÚLTIPLA
Historicamente, a inovação provoca saltos evolutivos de tempos em tempos, como a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século 14. Para Ismail, o mundo vive ao menos 20 “Gutenberg moments” simultâneos, que provocam uma quebra de paradigmas tecnológicos sem precedentes em áreas como energia solar, blockchain, inteligência artificial, neurociência, nanotecnologia ou robótica. 
3. A REVOLUÇÃO HEALTHCARE 
A pandemia jogou luz em um problema massivo e global que é o gap de acesso à saúde. Parte da solução para esta questão passa pela tecnologia e por investimentos nas healthtechs que irão atuar especialmente em telemedicina, medicina de precisão e biohacking. Os cuidados com a saúde passarão pelo uso de dados e pela capacidade de mapear e prever doenças, de acordo com a história inscrita em nosso DNA. E isso impactará diretamente na longevidade da espécie humana. O avanço disruptivo da biotecnologia, Crispr (edição genética) e tratamentos de longevidade prometem mudar a medicina – e a vida – como conhecemos hoje.

“O acesso à medicina preditiva e de alta precisão ainda está concentrado nas mãos de quem tem os recursos. A grande lacuna entre ricos e pobres e o acesso aos cuidados de saúde devem nortear os drivers tecnológicos”- Maya Vujinovic

4. NOVAS PRIORIDADES, NOVO CONSUMO
Na medida em que os custos caem dramaticamente com a predominância da economia digital, surge uma nova percepção de valor. Uma das principais mudanças é a qualidade de vida. Para Maya, o alto índice de mortes por covid-19 na população com sobrepeso evidencia que a saúde preventiva levará a uma mudança de hábitos que passa necessariamente pela alimentação. O que mexe com toda a cadeia da agricultura e da indústria. Os incentivos e investimentos devem seguir a rota de produção de alimentos mais saudáveis e menor impacto ambiental. As startups deverão ser chamadas para atuar e ser parte dessa mudança. 
5. LIDERANÇA LEAN E CULTURA 
O CEO é o problema e a solução. A maior parte da liderança vem da construção de uma carreira de sucesso moldada no século 20. Isso quer dizer: controle, especificidade e pouca margem para erros. No entanto, estamos numa realidade de incertezas e possibilidades. Precisamos de líderes abertos à desconstrução e ao desaprender, que tenham a capacidade de criar ambientes voltados para o aprendizado e experimentação. Não se trata de um processo isolado. 

“Trabalhe em ciclos curtos, muito intensos, e desista rápido do que não funciona. Apaixone-se pelo problema e não pela solução” – Cesar Gon 

6. QUEBRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO
Basicamente, a proposta de valor da cultura Lean é a combinação de três elementos (Estratégia, Engenharia e Design) em ciclos curtos, de até 90 dias. Seu ponto de partida é o impacto, ou seja, a geração de ebitda e receita. Para implementá-la nas organizações é preciso gerar escassez de tempo para expor o que joga contra a velocidade e a inovação. É fundamental contar com agentes de mudanças internos, com pessoas de diferentes hard e soft skills, que irão puxar este processo. Muitas vezes “faltam agentes capazes de desafiar as vacas sagradas da organização”. Outro conceito fundamental: ideias são preciosas, mas a execução é tudo. É preciso aprender fazendo, ir para o campo de batalha. É hora de aprender e abraçar a mudança como algo fundamental no século 21.
7. PEER TO PEER CREATION
A segunda maior operação de varejo na China fatura com vendas coletivas mesclando descontos agressivos e gamificação. O segredo para superar 600 milhões de usuários é oferecer descontos a clientes que tragam ainda mais compradores por outra plataforma de mensagens. O crescimento combinado entre empresas de mercados diferentes, a construção de ecossistemas de inovação e o uso de metodologias de negócios open-sourced são a base da transformação dos modelos de negócio do futuro.
Vivemos num mundo em que é preciso se conectar aos ecossistemas e criar coletivamente. Ninguém mais será autossuficiente e isso vai durar para sempre. 

“A Pinduoduo é o maior fenômeno do varejo da China hoje e se define como uma mistura de rede de atacado com Disney. O segredo é fazer com que o próprio cliente multiplique a base trazendo amigos pelo WeChat” – Ricardo Geromel  

8. WORKPLACE | LONGLIFE LEARNING 
Um ambiente de trabalho que favorece a aprendizagem é aquele aberto à experimentação. Para isso, é preciso achatar a organização, quer dizer, dar autonomia. A hierarquia joga contra a velocidade, a criatividade e a inovação. Uma solução é apostar em modelos que favoreçam o empreendedorismo, em unidades autônomas, mas com uma proposta de valor única e processos de aprendizagem que possam ser replicados. Para isso, é preciso alinhamento, criar uma mentalidade de resolução de problemas e um vocabulário comum. “Todos os MBAs do mundo oferecem soluções para problemas de empresas do século passado. Ninguém está nos ensinando a pensar com a cabeça dos negócios que ainda não surgiram”, destaca Salim Ismail.
Texto: Luana Damolin e Arnaldo Comin
Imagens: Experience Club

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