Mercado

O potencial do audiovisual brasileiro na estratégia das marcas

Fabiano Gullane, sócio-diretor da Gullane Filmes

Monica Miglio Pedrosa

“Estamos vivendo a melhor fase da indústria audiovisual brasileira e as marcas podem aproveitar essa oportunidade para ter uma ferramenta muito forte de marketing, publicidade e comunicação, como já vem acontecendo em obras de língua inglesa”. A afirmação é de Fabiano Gullane, sócio-diretor da Gullane Filmes — produtora responsável por sucessos do cinema e do streaming como “Senna”, “Que horas ela volta?”, “Carandiru” e “O Rei da TV” —, que fez a palestra de abertura do CMO Experience, evento exclusivo do Experience Club, que reuniu hoje, 10 de abril, um grupo de quase 100 CMOs e líderes de marketing das principais empresas brasileiras, na Experience House, em São Paulo.

Gullane usou o sucesso da série “Senna”, lançada pela Netflix em novembro do ano passado, como exemplo do potencial de retorno para marcas que investiram na produção. A série permaneceu por seis semanas no topo do ranking global da plataforma e Guaraná Antarctica foi uma das marcas que surfou nessa onda de sucesso. Refrigerante favorito do piloto, ele costumava pedir à família e amigos que levassem a bebida para o exterior durante a temporada de corridas, razão pela qual a marca se conectou com a produção de maneira natural e orgânica. “A taxa de crescimento nas vendas do produto após o lançamento da série foi gigantesca”, disse, sem poder revelar os números exatos por questões contratuais.

Fabiano Gullane no CMO Experience
Fabiano Gullane no palco do CMO Experience

Gullane apresentou outros dados que reforçam o potencial deste canal. O Brasil é o maior mercado de streaming da América Latina: 31,1 milhões de lares com TV, 42% do total, possuem ao menos uma assinatura paga de streaming. Além disso, com cerca de 25 milhões de assinantes, o país é o segundo maior mercado da Netflix no mundo em número de assinantes, atrás apenas dos Estados Unidos.

“Senna” teve 20 milhões de visualizações, 100 milhões de horas assistidas e alcançou uma das maiores taxas de usuários brasileiros que viram a série até o final. “A estratégia de comunicação e marketing foi global, com ativações simultâneas em Los Angeles, Japão, Nova York, Brasil, França, Itália, entre outros”, destacou.

Para o produtor, além de ampliar o awareness da marca, investir em produções audiovisuais brasileiras gera impacto em outras frentes: movimenta a economia, projeta a identidade brasileira no mundo, gera impacto na sociedade e molda a cultura do país. “Senna foi a primeira obra feita por profissionais brasileiros, com expectativa de lançamento na Netflix em todo o mundo”, revelou.

Além do streaming, Gullane destacou o bom momento do cinema nacional, em especial com o sucesso mundial de “Ainda Estou Aqui”, que ganhou projeção e escala global com as indicações ao Oscar 2025 nas categorias de Melhor Filme, Atriz e Filme Estrangeiro, tendo ganhado nessa última. “Em 2024, o cinema brasileiro recebeu mais de 120 milhões de espectadores, estamos entre os 10 maiores mercados de bilheteria do mundo”, concluiu.

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